A corresponsabilidade da organização desenvolver seus colaboradores é ponto pacífico, e torna-se fundamental não apenas para a estratégia corporativa, mas também para os próprios indivíduos. Um estudo feito pela Bersin, empresa do grupo Deloitte, indica que, em média, o profissional atual dedica apenas 1% do seu tempo semanal para aprender novas técnicas e se desenvolver profissionalmente. E, claro, isso traz maior relevância para as estratégias de T&D, que passam a se tornar, quase que exclusivamente, as fontes de progresso das suas equipes.
Neste cenário, métodos para melhorar o desempenho profissional dos colaboradores são variados. Diante de tantas opções, surge o desafio de estruturar um portfólio de ações que tenham sinergia, e que influencie positivamente o comportamento e a efetividade de equipes e gestores.
A definição de um referencial para a estratégia é essencial.
Para criação desta sinergia, o primeiro momento deve ser dedicado a entender qual o referencial mais adequado para estruturação do portfólio, encontrando o método mais compatível aos objetivos corporativos. Entre diferentes conceitos de destaque, o modelo dos 3 “E’s”, por exemplo, apresenta uma técnica que explora e integra diferentes tipos de aprendizagem, em que há uma divisão em três etapas: experiência, exposição e educação. Aqui, cada uma dessas representa um diferente tipo de aprendizado. Por sua vez, no método dos 6 “D’s”, a estratégia consiste na obtenção de aprendizado prático e na inversão da lógica no caminho para o conhecimento, começando o processo pela determinação de resultados.
A escolha desta orientação metodológica é fundamental, pois direciona os critérios de priorização e sequenciamento das ações a serem planejadas. Porém, é algo que as organizações que buscam o desenvolvimento dos seus colaboradores já praticam. Então, a questão passa a ser a escolha das formas mais eficazes de formato, e, por consequência, canais a serem considerados no planejamento anual de capacitações. E esse é o momento de colocar em foco as variáveis presentes no planejamento, como orçamento, perfil do público e estrutura interna de equipe.
Como ampliar alcance e aprendizado da capacitação?
Em muitas organizações, há dois caminhos principais no processo de planejamento de um calendário anual: encadeamento de ações em uma mesma trilha de desenvolvimento ou realização de ações individuais, sejam elas através de cursos terceirizados ou não, dentro ou fora da organização, em formatos presenciais ou digitais. Neste sentido, há iniciativas em buscar uma estrutura baseada em blended learning, em que o equilíbrio entre ações on e offline é planejado de forma complementar em uma mesma capacitação. Ou seja, não é presencial ou digital. É presencial e digital.
Para isso, é importante que as plataformas digitais entrem como um complemento para otimizar a obtenção de conhecimento. A questão é que o material online é bastante versátil e pode se encaixar de diversas maneiras na estratégia de capacitação, podendo ser utilizado, como, por exemplo:
• Antes de encontros presenciais para introduzir o assunto a ser aprofundado, nivelar conhecimentos e expectativas;
• Entre encontros presenciais como forma de ratificar a aplicação dos conceitos no dia a dia, estimular a realização de exercícios, podendo explorar conceitos como gamificação;
• Após encontros presenciais para ampliar o tempo de exposição aos conceitos principais, aumentando o aprendizado por haver mais contato com o conteúdo, podendo ser realizado com materiais complementares como, por exemplo, estudos de caso.
Em boa parte dessas abordagens, a adoção de microlearning nos canais digitais faz sentido porque permite que o conteúdo a ser adquirido fique inserido na rotina do colaborador como “pílulas de aprendizado”.
As prováveis consequências de implementação do modelo blended são uma menor sobrecarga de capacitações presenciais e um aprendizado maior. Logo, montar um portfólio que tenha sinergia e que se encaixe com o perfil dos colaboradores da sua organização pode ser um dos principais segredos de como engajar as pessoas em seu próprio desenvolvimento.